Um mergulho em busca de ar

Por: Átila Motenegro 

As experiências que me acometeram nos últimos meses trouxeram-me um movimento interior demasiado sagaz, e ainda pelejo para encontrar um novo ritmo de palavras que seja capaz de representar, com o mínimo de fidelidade e de dignidade, o que sinto. Mas também me perturba permanecer em silêncio quando há tanto a comunicar, e em meio a essa briga inacreditável com as palavras, entre a peleja e o tédio, permaneço, inspirando e expirando, a um passo de cada vez, resistindo ao cansaço que me incita a preencher minha presença com desejos nocivos do ego. Hoje estou rígido, e já alguns dias assim me conservo, sendo arrastado pelos hábitos. Minha face, que luta para se sustentar ante o ímpeto emocional, sorri com dificuldade, com medo de arruinar-se. Estar aqui, em meio a tanta dor, comunicando, torna-se, então, uma prática, ou talvez um mergulho em busca de ar. (...)
Assim, desconhecia meios para me libertar da rigidez e para provocar um movimento interior constante. A vida havia me ensinado, com suas imprevisibilidades, que eu não podia controlar nada, mas ainda ansiava por segurança e por um chão no qual pudesse caminhar. Não havia  ainda percebido que há muito já havia sido jogado na corrente da vida. (...)
Aprendi, portanto, a me movimentar no conforto e no desconforto, pois a vida sempre estará me jogando para qualquer desses lugares, e é o que sempre encontrarei nas moradas que vier a adentrar. Lidar com o desconforto já parece algo que aceitamos e que acreditamos que deva nos inquietar e nos movimentar, mas no conforto parecemos sempre querer parar e descansar. Acontece que o fluxo da vida não para.

2 comentários:

Renata Sousa disse...

A gente tende a se acomodar mesmo e quando aparece uma chamada para a realidade somos acometidos de um tipo de inércia que nos é de todo humana.
SUPER reflexão essa, amigaa!
Parabéns..

Caroline Evily disse...

hehehe... a vida faz a gnte aprender e certo! Vamos seguindo refletindo e agindo!