Das palavras que eu falei

Adoro as palavras! Você pode fazer o arranjo como quiser, dizer mil coisas ao mesmo tempo ou não dizer nada em uma mesma frase.
O óbvio as vezes é muito robusto e tentador, mas o mistério, ah esse eu adoro. E nesse jogo de palavras nada é certo, nada é concreto. Adoro ler nas entrelinhas no descaso de quem escreve ou ler, perceber aquilo que não era para ser percebido, ou fingir não perceber e deixar o outro na dúvida sobre o seu entender é um dom.
De certo nem sempre isso é esplendoroso, mas em alguns casos torna-se tentador e inevitável esse jogo de disse que não disse. Reconheço que em meio a tempestade seja mais prudente uma conversação mais objetiva e focada, senão os ânimos podem se alterar e causar desconforto. Aí aparece aquele :"Você quis dizer isso...", sem a pessoa ter falado qualquer palavra nesse sentido imaginado pelo outro.
Então, divirta-se Não leve tudo ao pé da letra.

Nada para

Eu precisava estar comigo mesma, numa solidão demasiadamente tenebrosa. Sinto-me refugiada em meio aos meus pensamentos bons e ruins que por sinal me vêm trazendo inquietação e promovendo um certo movimento lento e progressivo ao longo de uma caminhada voraz.

Caminho pouco a pouco no intuito de conseguir equilibrar sonhos e realidade. Aprendendo a cada dia que nenhuma ameaça é apenas ameaçadora, mas que se pode buscar recursos para transformá-la em um simples descompasso ao longo do percurso.
Com o tempo aprendi a me equilibrar na corda bamba, pois ou eu caia de vez e me estatelava toda no chão ou tentava (e por vezes conseguia) me equilibrar em cordas tão bambas que eu mal podia acreditar. Por isso acredito que somos destinados a sermos sempre melhores. E esse crescimento não para, a gente não para, o mundo não para.
E assim vou seguindo: cada passo na sua vez.
E se eu já sofri? Claro que sim, mas a dor também não para. Já a transformei em entusiasmo para meus próximos passos.

Um mergulho em busca de ar

Por: Átila Motenegro 

As experiências que me acometeram nos últimos meses trouxeram-me um movimento interior demasiado sagaz, e ainda pelejo para encontrar um novo ritmo de palavras que seja capaz de representar, com o mínimo de fidelidade e de dignidade, o que sinto. Mas também me perturba permanecer em silêncio quando há tanto a comunicar, e em meio a essa briga inacreditável com as palavras, entre a peleja e o tédio, permaneço, inspirando e expirando, a um passo de cada vez, resistindo ao cansaço que me incita a preencher minha presença com desejos nocivos do ego. Hoje estou rígido, e já alguns dias assim me conservo, sendo arrastado pelos hábitos. Minha face, que luta para se sustentar ante o ímpeto emocional, sorri com dificuldade, com medo de arruinar-se. Estar aqui, em meio a tanta dor, comunicando, torna-se, então, uma prática, ou talvez um mergulho em busca de ar. (...)
Assim, desconhecia meios para me libertar da rigidez e para provocar um movimento interior constante. A vida havia me ensinado, com suas imprevisibilidades, que eu não podia controlar nada, mas ainda ansiava por segurança e por um chão no qual pudesse caminhar. Não havia  ainda percebido que há muito já havia sido jogado na corrente da vida. (...)
Aprendi, portanto, a me movimentar no conforto e no desconforto, pois a vida sempre estará me jogando para qualquer desses lugares, e é o que sempre encontrarei nas moradas que vier a adentrar. Lidar com o desconforto já parece algo que aceitamos e que acreditamos que deva nos inquietar e nos movimentar, mas no conforto parecemos sempre querer parar e descansar. Acontece que o fluxo da vida não para.

Uma história pra te contar...


Era uma vez uma rapaz que tinha muitos sonhos. Era muito pobre e saiu de casa aos 13 anos para tentar ganhar alguns trocados nas ruas engraxando sapatos. Resolveu nunca mais voltar pra casa, a rua era seu novo lar. Conheceu alguns rapazes na mesma situação. Andavam por toda a cidade. Tomavam banho quando e onde podiam: num riacho ou em um posto de gasolina. Geralmente o rapaz não andava sozinho, havia sempre no mínimo um companheiro daquelas mesmas aflições. Não tinha o que comer, nem água para tomar banho, nem roupas sem algum firinho (ou rasgão). E as pessoas olhavam torto, tinham medo.

No ônibus coletivo tinha sempre aquele ar de medo e bem raramente alguém se dispunha a trocar uma ideia, dar um conselho. O que o rapaz queria era apenas um dinheirinho, para que suas necessidades mínimas fossem sanadas. E anda tentando, buscando algum trabalho digno que lhe possa revelar a oportunidade de nascer de novo.
OBS: História baseada em fatos reais, com foto tirada por mim.

Decepção


Sem grandes surpresas, sem sustos. Eu vaguei este caminho esperando que isso acontecesse. Só que eu esperava estar errada. Afinal, minha intuição pode falhar, mas quando eu penso, repenso, calculo e analiso os fatos... estava tudo aqui em minha frente! E aquela pitada de "eu num sei o que é, mas alguma coisa está errada aí". O sentidos exploram o meio, e nem se sabe bem de onde vem essa dúvida de que algo tá errado. Aí acaba que não se percebendo realmente o que está acontecendo, porque o que é das "entrelinhas" quase nunca se tem certeza. E cada passo mal dado, cada quase vacilo vem logo aquele passo pra trás... aquela incerteza que pro outro se resume em insegurança ou falta de confiança. E que de nada adianta ficar na retaguarda ou fingir que está tudo bem. A única saída é esperar, esperar... E nada que o tempo não demonstre e esclareça o que as pessoas e as situações são. Porque tudo sempre conspira ao nosso favor. E tudo passa, tudo muda de valor. A gente muda, cresce e aprende que da próxima vez a intuição será mais valorizada. E sem grilas, sem grandes expectativas, sem grandes anseios... E a vida vai seguindo esperando alguma reação de nós. E se vai lá fora, respira-se fundo, corre, cansa, dispara e se alcança o que tanto queria...

o fulano do tal Orgulho

Aquele não dar o braço a torcer, fingir não sentir, fazer pose de inatingível, sustentar uma imagem as vezes de insensível. Mas ele sufoca, atinge o outro, penetra a tua alma e dilacera o coração. É ser o que não se é. Ser superficial, mecânico. É se fingir de "vivo" pra não perder a pose, mas por dentro o cheiro podre das vísceras incomoda, chateia. E dá pra sentir de longe essa podridão que vai se enraizando, tomando conta, se fundindo às vias menos atingidas. E te consome, consome... 
E se você se lembra daqueles dias que eu não fui eu, me perdoe. O que eu sentia não queria que ninguém além de mim soubesse.
 Mas já chega! Não dá pra viver sempre na defesa. E a podridão? Coloca pra fora, libera esse nojo. Limpa tua alma e renasça. Seja autêntico, libere-se. Chega de reprimir-se! Menos receio e mais ação. Chega de esconder
esse "eu", chega...

E aquela pose, eu já nem me lembro mais...
Movimento!!